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setembro 2024 - Julio Celestino

A Diferença entre o Vinho e o Mosto

Imagem gerada via Copilot


   Na Bíblia, a diferença entre "vinho" e "mosto" está relacionada ao estágio de fermentação da uva e ao uso específico do termo nas línguas originais. Vamos explorar isso de maneira exegética, considerando tanto o hebraico (Antigo Testamento) quanto o grego (Novo Testamento).

1. Vinho (Hebraico: יַיִן - yayin, Grego: οἶνος - oinos)

a. Antigo Testamento (Hebraico - יַיִן - yayin)

No Antigo Testamento, a palavra hebraica usada para "vinho" é yayin (יַיִן). Este termo refere-se ao vinho em geral, que pode ser fermentado. O yayin era uma bebida comum no mundo antigo e fazia parte da vida cotidiana e da adoração. Dependendo do contexto, pode referir-se ao vinho usado de forma legítima, como nas celebrações ou como oferta, ou ao vinho que pode ser abusado, levando à embriaguez.

Exemplos:

  • Gênesis 9:21: "E bebeu do vinho (yayin), e embebedou-se".
  • Salmo 104:15: "E o vinho (yayin) que alegra o coração do homem".

Aqui, o yayin claramente envolve o vinho fermentado, capaz de embriagar, mas também algo que pode trazer alegria e fazer parte da bênção de Deus.

b. Novo Testamento (Grego - οἶνος - oinos)

No Novo Testamento, a palavra grega correspondente é oinos (οἶνος). Ela tem um uso semelhante ao de yayin, referindo-se ao vinho fermentado. Jesus, por exemplo, transformou água em oinos no casamento em Caná (João 2:1-11), o que indica que esse era o vinho consumido nas celebrações.

Exemplo:

  • João 2:3: "E, faltando o vinho (oinos), a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho".

Aqui, o termo é usado para o vinho que estava sendo consumido em um banquete, mais uma vez indicando que era fermentado.

2. Mosto (Hebraico: תִּירוֹשׁ - tirosh, Grego: γλεῦκος - gleukos)

a. Antigo Testamento (Hebraico - תִּירוֹשׁ - tirosh)

No Antigo Testamento, a palavra hebraica tirosh (תִּירוֹשׁ) refere-se ao "mosto", ou seja, ao suco da uva antes da fermentação. O tirosh é o produto inicial da colheita da uva, que ainda não passou pelo processo de fermentação. Ele simboliza a bênção e a abundância da colheita. Diferente de yayin, tirosh não se refere a uma bebida fermentada e não é associada à embriaguez.

Exemplo:

  • Deuteronômio 7:13: "E amar-te-á, e abençoar-te-á, e te multiplicará, e abençoará o fruto do teu ventre e o fruto da tua terra, o teu grão, e o teu mosto (tirosh)".

Nesse contexto, tirosh está relacionado à prosperidade agrícola e à bênção divina, representando o suco fresco da uva.

b. Novo Testamento (Grego - γλεῦκος - gleukos)

No Novo Testamento, a palavra gleukos (γλεῦκος) é usada para se referir ao mosto, ou suco fresco da uva, antes da fermentação. Este termo ocorre raramente, mas um exemplo notável está em Atos 2:13, durante o Pentecostes, quando alguns acusaram os discípulos de estarem embriagados de "mosto" (gleukos).

Exemplo:

  • Atos 2:13: "Outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto (gleukos)".

Aqui, o termo é usado em um contexto irônico, sugerindo que os discípulos poderiam estar embriagados com suco de uva doce, embora o gleukos não fosse uma bebida que normalmente embriagaria, a menos que tivesse começado a fermentar.

3. Diferença entre Vinho e Mosto na Bíblia

  • Vinho (yayin ou oinos) refere-se ao produto da uva que passou por fermentação, sendo capaz de embriagar. Ele é usado em contextos de celebração, alegria e também advertido em relação ao seu abuso.
  • Mosto (tirosh ou gleukos) refere-se ao suco de uva fresco, ainda não fermentado. Simboliza a bênção da colheita e a provisão de Deus, mas não está associado à embriaguez.

4. Aplicação Teológica

A distinção entre yayin/oinos (vinho) e tirosh/gleukos (mosto) reflete diferentes estágios do uso da uva e também serve para demonstrar diferentes aspectos da bênção e responsabilidade humanas na Bíblia. Enquanto o vinho é frequentemente visto como uma fonte de alegria e celebração, ele também é advertido quanto ao abuso. Já o mosto é visto como um símbolo de abundância e provisão divina.

Assim, o vinho (yayin/oinos) e o mosto (tirosh/gleukos) têm significados distintos no contexto bíblico: um associado à fermentação e potencial embriaguez, e o outro ao estado fresco e abundante das bênçãos de Deus.



I.A.

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