“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo.” – João 6.27
Uma multidão! Segundo o texto paralelo de Mateus 14.21, cerca de cinco mil homens — sem contar mulheres e crianças — seguiram Jesus quando Ele se retirou num barco para um lugar deserto, logo após o assassinato de seu primo João Batista por ordem do rei Herodes. Ao contemplar aquela massa de pessoas, Jesus compadeceu-se, curou-os e alimentou-os.
Naquele lugar deserto estavam presentes:
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a) Jesus Cristo
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b) Os 12 discípulos
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c) Uma multidão
Essa cena me chama atenção por revelar uma quantidade enorme de pessoas que deixaram suas cidades, a pé, apenas para ir ao encontro de Cristo. O motivo desse êxodo em massa é revelado pelo próprio Jesus em João 6.26:
“... vós me procurais, não porque vistes os sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.”
Havia, portanto, dois grupos distintos presentes na multiplicação dos pães e dos peixes:
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A multidão, movida pelas curas e, em seguida, pelo alimento.
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Os 12 discípulos, que estavam ali porque foram chamados por Cristo.
Esse pequeno grupo de doze representa a Igreja. Eles aceitaram o chamado de Cristo e o seguiram para se tornarem pescadores de homens. Essa é a diferença essencial: eles buscaram primeiro o Abençoador, não as bênçãos.
É triste perceber que, ainda hoje, muitos homens e mulheres percorrem grandes distâncias atrás de denominações que prometem cura, quebra de maldição hereditária, objetos ungidos, campanhas de milagres e todo tipo de espetáculo religioso. Deus, em sua compaixão (Mt 14.14), ainda realiza milagres — e a alegria da bênção recebida faz a multidão cantar vitória com gosto de mel.
Mas o evangelho não nos chamou para sermos estrelas, e sim para sermos fiéis; não me chamou para brilhar no palco, mas para que o filho de Adão morra.
Quando Jesus pregou a verdade do evangelho de forma clara, contundente e pura, a reação foi imediata:
“Muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não andaram mais com Ele” - João 6.66
Esse é o grande grupo da multidão ambiciosa — aqueles que desejam a bênção, mas rejeitam o Abençoador. Eles lotam as igrejas dos falsos apóstolos modernos e dos teólogos da prosperidade, alimentando-se de heresias grotescas e aplaudindo o evangelho antropocêntrico, onde o homem é o centro.
Já uma assembleia bíblica e cristocêntrica — onde Cristo é o centro — não serve para esse tipo de público. Seus membros são logo apelidados de frios, fariseus e julgadores.
Ao passar pela peneira da palavra de Cristo, apenas aquele pequeno grupo permaneceu com Ele. Permaneceram porque foram chamados para a Noiva do Cordeiro e para herdar a vida eterna — não para serem estrelas prósperas aqui na terra.
A Igreja? Perfeita? Nunca foi — porque é composta de pecadores. E mesmo naquele pequeno grupo que permaneceu com Cristo, um deles O traiu.
Todos nós desejamos saúde, prosperidade, paz e conforto. Mas será que somos capazes de dizer hoje:
“Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja vacas, todavia eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação.” - Habacuque 3.17–18
De qual grupo você faz parte? Da grande multidão ou da pequena Igreja?
“Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” — Jesus Cristo (Mateus 6.33)
Julio Celestino, Vitória, Espírito Santo
13 de dezembro de 2016
- 18:44
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