ATOS DOS APÓSTOLOS - JOHN NELSON DARBY

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Atos dos Apóstolos - IntroduçãoVídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 1VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 2VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 3VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 4VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 5VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 6VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 7VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 8VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 9VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 10VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 11VídeoÁudioPDF
Atos dos Apóstolos - Capítulo 12VídeoÁudioPDF

O Sangue nos Umbrais


“Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o SENHOR passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir.” – Êxodo 12.22-23



INTRODUÇÃO


    O texto que acabamos de ler nos leva ao momento em que Deus prepara o povo de Israel para passar pelo pior episódio da história do Egito antigo: a última praga. Deus havia enviado Moisés e Arão diversas vezes à presença do Faraó para que ele libertasse o povo de seu cativeiro; porém, a Palavra de Deus nos declara que o coração do monarca foi endurecido repetidamente, mesmo após todos os avisos do Senhor sobre as consequências que estavam por vir.


    Muitas vezes agimos como o Faraó. Às vezes estamos passando por momentos difíceis em nossas vidas e perguntamos a Deus o “por quê” de tantas coisas ruins nos atingirem: desilusões, abandono, casamento desfeito, crise financeira, doenças crônicas. Esquecemos que Deus sempre nos avisa das consequências antes que elas aconteçam, mas a dureza do nosso coração acaba cegando nosso entendimento para as lições espirituais que o Espírito Santo tenta nos ensinar.


    Naquele dia, Deus preparava Seu último julgamento sobre o império egípcio: a morte dos primogênitos. O aviso foi claro: a família que tivesse o sangue do cordeiro aspergido nos umbrais da porta seria poupada da ação do anjo da morte.



CONTEXTO HISTÓRICO


    A palavra-chave para este grande evento é libertação. Antes da libertação do povo judeu das garras do império egípcio, Deus ensinou uma maravilhosa lição espiritual que atravessaria gerações: a Páscoa.


    Após a nona praga que assolou a terra do Egito, Deus disse a Moisés que aquele momento seria o princípio dos meses; é em Êxodo 12 que se iniciam os meses do calendário judaico. A instrução consistia em que, no dia 10 de março (Nissan), cada família deveria separar um cordeiro sem mácula e colocá-lo em observação até o dia 14 de março, para ter certeza de que ele não tinha nenhum defeito. 


    No dia 14 de março, após certificarem que o cordeiro não tinha mancha ou mácula, o povo preparava o sacrifício às 9h da manhã. Em seguida, sacrificavam o cordeiro às 15h para concluir a Páscoa antes das 18h, quando se iniciaria um novo dia.


    Durante esse processo, toda família deveria coletar o sangue do cordeiro em uma bacia e aspergi-lo com hissopo nos umbrais da porta. Assim, quando o anjo da morte passasse à meia-noite e visse o sangue do cordeiro, ele passaria por cima da casa sem executar o juízo de morte. Esta festa deveria ser repetida ano após ano, por estatuto perpétuo.


    Tudo que Deus faz e institui não é por acaso; tudo tem um propósito. Minha vida tem um propósito, a sua vida tem um propósito, nossa família tem um propósito, a igreja tem um propósito, nossa campanha tem um propósito. Com a Páscoa não foi diferente: Deus estabeleceu um estatuto perpétuo para que os judeus repetissem aquele sacrifício anualmente até que viesse o verdadeiro Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. E assim eles fizeram, ano após ano.



CONTEXTO PROFÉTICO


    Após 1.600 anos repetindo o mesmo ritual de sacrificar o cordeiro sem mácula e esperando, pela fé, o verdadeiro Cordeiro de Deus, o povo escolhido estava no templo se preparando para mais uma Páscoa quando o bendito Cordeiro chegou — mas eles não perceberam:


“E estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombos, e os cambistas assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambistas e derribou as mesas. E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda.” – João 2.13-16.

 

    O texto nos mostra que o povo de Deus ia à casa do Senhor como se fosse um momento de recreação, um evento social para se distrair e encontrar velhos amigos. Outros usavam a casa de Deus para benefício próprio, transformando o templo em uma verdadeira casa de comércio. Da mesma forma, hoje vemos parte do povo indo ao templo apenas para bater papo, ver amigos, exibir a roupa nova, vender produtos e até cadeiras da igreja. Eu mesmo cansei de ver jovens e adultos conversando durante o culto sobre futebol, lutas, fofocas e tudo mais — menos sobre a palavra pregada naquela noite.


    No dia 9 de março, Jesus foi a Betânia e realizou um de seus maiores milagres: a ressurreição de Lázaro. No dia 10 de março, entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, recebido com ramos e aclamações de “Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor”.


    O povo não percebeu, mas aquela Páscoa seria diferente de todas, pois o verdadeiro Cordeiro estava ali, sendo separado para análise no dia 10 de março. Todos os olhares estavam sobre Ele, procurando alguma mácula — e não encontraram.


    Anás, Caifás, Herodes, Pilatos… ninguém achou falha no Cordeiro. Mas ali se cumpria a maior profecia de todos os tempos: o Cordeiro foi separado no dia 10 de março e sacrificado no dia 14, às 15h, quando Jesus declarou: “Está consumado.”



APLICAÇÃO EM TRÊS PASSOS


Primeiro passo: mexa-se!


Desde aquele grande dia, o sangue do Cordeiro está disponível para todos nós, mas o texto do Êxodo nos ensina que não basta o sangue estar na bacia — é preciso aplicar. Todos nós esperamos que um milagre, bênção, cura ou unção chegue à nossa porta, mas precisamos tomar o “hissopo da fé” e aplicar o sangue na porta da nossa casa, da nossa família e do nosso ministério. Jesus não vai fazer isso por você.



Segundo passo: enfrente o problema.


Satanás tenta nos amedrontar dizendo que é nosso dono, que pode entrar na nossa casa e nos tocar; tenta trazer lixo do passado, tentando nos desanimar. Mas, se andarmos na luz, o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. Se nossa casa antes pertencia ao Egito, agora ela tem o sangue do Cordeiro nos umbrais.



Terceiro passo: faça para Deus ver.


“Vendo Eu o sangue, passarei sobre vós.”


  A família dentro da casa não podia ver o sangue — mas Deus via. Muitas vezes somos tentados a viver para agradar os outros, mas Jesus nos ensinou a praticar nossa devoção no secreto, e Ele nos recompensará. Deus é quem precisa ver o sangue, não nós.


O sangue está disponível. Cabe a nós decidir se vamos aplicá-lo ou deixá-lo na bacia. Deus é maravilhoso, e Suas misericórdias duram para sempre.



Julio Celestino - Vitória, Espírito Santo

20 de junho de 2024



Mergulhado em Óleo Fervente - A Origem da História

 


    Hoje, eu estava escrevendo um comentário sobre Apocalipse 1.9 e lembrei de uma história sobre o apóstolo João que ouvi no seminário de teologia. A história, lenda ou tradição, fala de um momento em que o apóstolo João foi condenado a ser mergulhado em um caldeirão de óleo fervente e, por milagre, retirado ileso.


    O contexto histórico diz que João foi convocado a Roma para ser julgado devido à Palavra de Deus. Na época, o governador de Roma era Tito Flávio Domiciano. Diante das autoridades e falsas testemunhas que contavam mentiras acerca da vida e doutrina cristã, João foi condenado à morte. Um agravante da situação é que Roma era um império politeísta e o governador Domiciano se autodenominava "Dominus ac Deus" (Senhor e Deus em latim). Logo, a condenação do apóstolo João era certa, pois, assim como os cristãos de hoje, ele professava sua fé e adoração ao único e verdadeiro Deus.


    Após refletir pela milésima vez sobre essa emocionante história, questionei qual era a fonte escrita mais antiga que a corrobora. Uma pesquisa superficial nas ferramentas de pesquisa disponíveis, como Google e Bing, não encontra uma resposta para a pergunta. Aparentemente, no conteúdo de estudiosos de língua portuguesa que aparecem nas primeiras páginas de pesquisa, não existe tal informação. Então pesquisei em inglês. Graças a Deus, encontrei um tesouro escrito entre o segundo e terceiro século por Tertuliano chamado "The Prescription Against Heretics" (A Prescrição Contra os Hereges). Tertuliano cita o episódio da condenação de João de maneira singela neste livro. Agora, não é necessário mais dizer que a história é apenas uma tradição oral, mas também escrita.


Segue o trecho do livro de Tertuliano que menciona a história da condenação de João:


"Capítulo 36. As Igrejas Apostólicas a Voz dos Apóstolos. Que os hereges examinem suas reivindicações apostólicas, em cada caso, indiscutíveis. A Igreja de Roma é duplamente apostólica; sua primitiva eminência e excelência. A heresia, como uma perversão da verdade, está ligada a ela.


    Vinde agora, vós que quereis satisfazer uma curiosidade melhor, se quiserdes aplicá-la ao negócio da vossa salvação, percorrei as igrejas apostólicas, nas quais os próprios tronos dos apóstolos ainda são preeminentes nos seus lugares, nos quais os seus próprios escritos autênticos são lidos, pronunciando a voz e representando o rosto de cada um deles separadamente. Muito perto de ti está a Acaia, na qual se encontra Corinto. Como não estás longe da Macedónia, tens Filipos; (e aí também) tens os Tessalonicenses. Como podes passar para a Ásia, tens Éfeso. Além disso, como estais perto da Itália, tendes Roma, de onde vem até mesmo para as nossas mãos a própria autoridade (dos próprios apóstolos). Como é feliz a sua igreja, sobre a qual os apóstolos derramaram toda a sua doutrina com o seu sangue! Onde Pedro suporta uma paixão como a do seu Senhor! Onde Paulo ganha a sua coroa numa morte como a de João [Batista], onde o apóstolo João foi primeiro mergulhado, ileso, em óleo a ferver, e daí remetido para a sua ilha-exílio! Vejam o que ela aprendeu, o que ensinou, a comunhão que teve até com as (nossas) igrejas em África! Ela reconhece um só Senhor Deus, Criador do universo, e Cristo Jesus (nascido) da Virgem Maria, o Filho de Deus Criador; e a Ressurreição da carne; a lei e os profetas ela reúne num só volume com os escritos dos evangelistas e apóstolos, dos quais bebe na sua fé. Isto ela sela com a água (do batismo), reveste com o Espírito Santo, alimenta com a Eucaristia, anima com o martírio, e contra uma disciplina assim (mantida) ela não admite quem a contradiga. Esta é a disciplina que eu já não digo que predisse que as heresias viriam, mas da qual elas procederam. Contudo, não eram dela, porque se opunham a ela. Até mesmo a tosca azeitona selvagem surge do germe da frutífera, rica e genuína azeitona; também da semente da mais suave e doce figueira nasce a vazia e inútil figueira selvagem. Da mesma forma, as heresias também vêm de nossa planta, embora não sejam de nossa espécie; (elas vêm) do grão da verdade, mas, devido à sua falsidade, elas têm apenas folhas selvagens para mostrar."


 

TERTULIANO. As obras completas de Tertuliano (33 livros): Com links cruzados para a Bíblia. Edição do Kindle. Amazon.com.



Julio Celetino - Vitória, Espírito Santo

26/04/2024


Não murmures. Canta!

 

“Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo; anunciar de manhã o teu amor leal e de noite a tua fidelidade.” - Salmos 92.1,2


    Ontem, mais uma vez, Deus me mostrou o quanto sou afortunado, mesmo que às vezes eu pense o contrário acerca da minha vida. Eu estava trabalhando no ambulatório e uma mãe chegou de Uber com seu filho de aproximadamente 17 anos que sofre de Síndrome de West e hemofilia. Para ajudá-la na mobilidade com o jovem, outro filho a acompanhou.


    Com dificuldade, desceram do carro e subiram os degraus da clínica. O jovem andava trôpego, mal conseguia ficar de pé sem o apoio da família. Ele não fala e, aparentemente, também não consegue se comunicar bem via gestos. Foi preciso a ajuda de duas enfermeiras, além da mãe e do irmão, para segurá-lo na cadeira de coleta e retirar o sangue necessário para o exame. Os gritos do jovem eram angustiantes. Após a retirada do sangue, eles voltaram para o setor de espera. Para mim, era impossível não se emocionar com os olhos marejados de lágrimas da mãe e o pesar do irmão que levou o jovem enfermo para passear e se acalmar no jardim.


    Durante os últimos sete meses, tive a oportunidade de conhecer histórias de pessoas que vivem com a enfermidade todos os dias. Pessoas que embarcam em um carro da prefeitura de sua cidade às duas ou três horas da madrugada para enfrentar uma viagem de três ou quatro horas toda semana para levar seu bebê a um ambulatório que fica na capital do estado. Eles ficam o dia inteiro na rua, pois o carro da prefeitura precisa desembarcar os pacientes de outros hospitais e aguardar todas as consultas agendadas no período matutino e vespertino para só então recolhê-los no fim da tarde e enfrentar a viagem de volta. Muitos não têm condições financeiras para se alimentar corretamente nessas viagens, alguns almoçam biscoitos com o suco artificial que ganham nos ambulatórios.


    Muitas vezes eu, minha família e alguns amigos reclamamos do preço dos produtos do supermercado, da dificuldade em pagar as contas e do desapontamento por não podermos ter coisas como carro, moto, casa própria, viagens, celular de última geração e uma roupa nova para cada saída. Essa energia negativa acaba afetando todas as áreas de nossa vida, nos deixando mais amargos e sozinhos. Assim não conseguimos enxergar as coisas simples e boas que Deus nos proporcionou.


    Aquele jovem nunca vai poder reclamar dos preços do supermercado, pois nunca terá capacidade cognitiva para saber o que está caro e o que está barato. Pior do que isso, ele nunca terá dó de gastar seu dinheiro suado, pois ele nunca vai trabalhar devido à sua incapacidade física. Ele jamais terá o desprazer de estar apertado nas finanças de casa e da família, pois ele jamais terá condições de constituir uma família como uma pessoa saudável. Ele jamais ficará triste por não ter um carro ou uma moto, porque ele sequer consegue andar com as próprias pernas.


    De igual modo, refleti sobre o peso da cruz daquela mãe, que, enquanto escrevo este texto, ao invés de estar triste com as finanças ou a falta de carros, motos, roupas e viagens, ela só queria que seu filho amado tivesse condições de viver uma vida normal como os outros rapazes, mas, infelizmente, isso é apenas um sonho. Já para mim, isso não é um sonho, é algo absolutamente normal. Meus filhos nasceram plenamente saudáveis. O problema é que de maneira generalizada, nos esquecemos dos milagres que vivemos todos os dias em nossa vida, por terem se tornado comuns, como a saúde, alimento diário, filhos saudáveis, um teto para morar, um emprego e principalmente a fé num Deus vivo.


O hino 302 da Harpa Cristã descreve e aconselha bem sobre este assunto:


“No mundo murmura-se tanto

Entre os que cristãos dizem ser

Em vez de louvores, há pranto

Fraqueza em lugar de poder

Murmuraram assim no deserto

Em Mara, Israel murmurou

Não veem que Deus está perto

Jamais seu auxílio negou


Em vez de murmurares, canta

Um hino de louvor a Deus

Jesus quer te dar vida santa

Qual noiva levar-te pra os céus


Tu vives, irmão, murmurando

Tal como um escravo do mal

Se Deus a tua fé está provando

Tu não tens razão para tal

Deus castiga aquele a quem ama

De ti também não se esqueceu

Qual pai amoroso te chama

E cuida, sim, do que é seu


E mesmo se as ondas rugirem

No revolto e bravio mar

Os céus poderás ver se abrirem

Se um hino tua alma cantar

Não temas ciladas, nem morte

Pra cima tu deves olhar

O leme segura bem forte

Até do céu a luz raiar


Se um hino cantar tu puderes

Nas horas de grande aflição

Então voarás, se quiseres

Até a celeste mansão

Nas asas da águia levado

Bem perto do mar de cristal

E por fim então libertado

A terra, chegar, celestial


Em vez de murmurares, canta

Um hino de louvor a Deus

Jesus quer te dar vida santa

Qual noiva levar-te pra os céus.”


Exortemo-nos a sermos mais gratos a Deus pelas coisas pequenas. Jesus nos ensinou: “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei” (Mt 25.23). A prosperidade é uma questão de fidelidade, dedicação, tempo e fé. Cedo ou tarde, se ainda não chegou ou se já esteve e não mais está, através das portas da gratidão, poderemos conquistá-la. Não murmure, cante!


Não murmures, canta!


Entendendo a Depressão: Causas, Sintomas e Esperança

Foto de Gabriela Palai


Texto áureo: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.” – Filipenses 4.6-7, ACF.


Depressão e Suicídio: entender, superar e ajudar. Este é o tema da breve palestra que foi ministrada aos jovens e adolescentes da Igreja Assembleia de Deus de Maruípe no dia 18 de setembro de 2020. Grande parte do conteúdo foi retirado do livro de Zack Eswine, intitulado “A Depressão de Spurgeon”, lançado em 2015 pela editora Fiel.


O QUE É DEPRESSÃO?

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a depressão é “um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de realizar atividades diárias [...]”. Conforme a OPAS, as pessoas com depressão podem apresentar vários sintomas como perda de energia, mudanças no apetite, aumento ou redução do sono, ansiedade, perda de concentração, indecisão, inquietação, sensação de que não valem nada, culpa ou desesperança, e pensamentos de suicídio ou de causar danos a si mesmas. É importante destacar que a organização afirma que a depressão pode afetar qualquer pessoa, e isto não se trata de um sinal de fraqueza ou, popularmente, de “frescura”.

A depressão também pode ser ilustrada de forma simplista com as placas de “depressão na pista”. Essas placas ilustram bem como funciona a depressão na vida de alguém, pois, quando estamos dirigindo um veículo e nos deparamos com o alerta de “depressão na pista”, sabemos que haverá um desnível para baixo na estrada. Assim é na vida de quem sofre de depressão: em determinado momento, há um desnível para baixo.





UM DADO INTERESSANTE SOBRE A DEPRESSÃO

Um dado interessante é que a depressão só foi reconhecida como doença em meados do século XIX. De acordo com uma matéria publicada no Jornal da USP, somente em 1952 foi lançado o primeiro Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria. Porém, este mal assola o ser humano há muito mais tempo do que possamos imaginar.


QUAIS SÃO AS CAUSAS DA DEPRESSÃO?


De acordo com o livro de Zack Eswine, a depressão pode surgir na vida de uma pessoa através de três fatores: biológico, circunstancial e espiritual.


Fator Biológico – Conforme o site do Ministério da Saúde, as causas da depressão podem ser eventos vitais, genéticas e bioquímicas. O pastor Charles Spurgeon também reconhecia que a depressão, em alguns casos, é causada pelo fator biológico, afirmando que “algumas pessoas são constitucionalmente tristes. Às vezes somos marcados pela melancolia desde o momento de nosso nascimento”. Por este motivo, é necessário que nós, cristãos, tenhamos a consciência de que nem tudo na vida se trata de algo espiritual; pode ser doença. A OPAS afirma que a depressão é um transtorno tratável por meio de psicoterapia, medicamentos antidepressivos ou a combinação de ambos.


Fator Circunstancial – Como foi citado acima, o Ministério da Saúde afirma que a depressão pode ser causada por eventos vitais, ou como preferimos abordar nesta palestra, causas circunstanciais. O fator circunstancial indica que uma pessoa acometida de depressão não chega a esta situação devido a sua natureza ou temperamento melancólico, eventos como a perda de um familiar, demissão, problemas financeiros, traição de um cônjuge, problemas familiares, descontentamento com o próprio corpo, sonhos frustrados dentre várias outras circunstâncias podem causar depressão. Este mal surge até mesmo após um momento lindo como o nascimento de uma criança, conhecida como depressão pós-parto. Sobre isto, Eswine diz que o fator circunstancial nos ensina que: 1) a fé na terra não é nem escapismo, nem paraíso, 2) não equiparamos benção espirituais com comodidade circunstancial e 3) nós que não sofremos depressão circunstancial devemos aprender o cuidado pastoral para com aqueles que sofrem.


Fator Espiritual – Eswine descreve que “essa forma de depressão aflige pessoas, a qualquer momento, com terrores conscientes e irreversíveis acerca do desagrado de Deus. Ou ainda, aqueles que, sofrendo esse tipo de depressão, usam atos extremos de devoção religiosa a ponto de machucarem a si próprio e a outros”. Para a pessoa com este tipo de depressão, Deus tem amor, paz e graça para os outros, menos para ela. Também acredita que devido a algum pecado ou qualquer outro motivo, Deus não a ama mais, está desamparada, esquecida, etc. Segundo Eswine, alguns pregadores acabam piorando a situação do deprimido, presumindo que toda depressão se trata de um pecado. Em alguns casos, o pregador peca por associar a prosperidade financeira e a saúde com sua fidelidade a Jesus. Por vezes, um servo ou uma serva do Senhor que passa por problemas circunstanciais, se vê de frente a uma mensagem que afirma que se formos fiéis a Jesus, seremos abundantemente ricos e saudáveis. Por essas e outras, o servo de Jesus que passa por problemas na área da saúde ou financeiro, acaba acreditando que Deus o abandonou em seus infortúnios, e isso não é verdade! Sobre isto, escreveu o Pregador de Eclesiastes: “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento”. O autor de Eclesiastes estava falando sobre o que chamamos de “graça comum”, ou seja, a graça que Deus disponibiliza a todos! De forma simples, o Pregador estava dizendo que o mesmo sol que brilha sobre a igreja, brilha sobre um presídio; e a mesma chuva que cai sobre uma casa de família também cai sobre um bar. É preciso ser cauteloso com o uso da língua, até mesmo na hora de testemunhar as bençãos de Deus em nossas vidas. Dentro do fator espiritual, também existe a possibilidade de uma influência maligna, e segundo Eswine, “quando nos deparamos com este antigo inimigo, o diabo, resta apenas uma coisa que podemos e devemos fazer: lutar!”. Usando a armadura espiritual descrita em Efésio capítulo 6 podemos vencer! Eswine diz que “nosso jeito de lutar é nos escondermos atrás de Jesus que luta por nós. Nossa esperança não é a ausência de nosso pesar, ou sofrimento, ou dúvida, ou lamento, mas a presença de Jesus”.


COMPORTAMENTOS QUE ATRAPALHAM

Existem alguns comportamentos que, mesmo com a melhor das intenções, podem piorar a situação de quem sofre com depressão. Frases como “pare de bobagem, a vida é bela, sacode a poeira e recupera-se!” e “para de frescura!”, são como empurrões que lançam o sofredor ainda mais fundo no mar da angústia. Textos bíblicos dispensados de qualquer maneira também não servem de ajuda para o aflito, às vezes pode até piorar a situação, fazendo-o acreditar que se não está sentindo nada lendo trechos da Palavra, Deus o abandonou. O desprezo e a indiferença também são comportamentos que atrapalham, geralmente, amigos e familiares acabam desprezando a dor do deprimido dizendo coisas como: “seu problema nem é tão grave assim, para mim você está sofrendo à toa”, ou pensando: “daqui a pouco passa, para que vou me preocupar?”. É preciso termos cautela e amor para com os aflitos e evitar tais julgamentos para não sermos as mãos que jogam gasolina em cima do fogo da melancolia tentando apagá-lo.


SEGUINDO O EXEMPLO DE DEUS

O primeiro livro dos Reis, capítulo 19, nos mostra uma boa forma de tratar alguém que sofre neste pântano sombrio. O texto descreve o momento em que o profeta Elias sofre uma profunda depressão. Mesmo Deus tendo realizado diversos milagres e maravilhas na vida deste homem, ao ser ameaçado de morte por Jezabel, esposa do rei, ele fugiu temendo pela sua vida e clamou a Deus pela sua morte quando suas forças acabaram, mas, o Senhor não o abandonou.


Finalizo este esboço mostrando a você, caro leitor, como é importante aprendermos com Deus a maneira correta de lidar com pessoas depressivas:


  • Elias fugiu para o deserto, se abrigou debaixo de um zimbro, pediu a morte e adormeceu. Isso nos mostra, em primeiro lugar, que o aflito precisa de descanso.
  • Em seguida, um anjo o alimentou com pão e água e ele dormiu de novo. Este gesto nos ensina que nosso tratamento para com os angustiados demanda tempo, amor e cuidado. É preciso ter paciência para alimentá-los com amor.
  • Após descansar mais um pouco, o anjo repetiu todo o gesto de amor, e isso renovou as forças do profeta para continuar na caminhada.

Amor, paciência e cuidado são palavras-chave no cuidado de Deus para com Elias, e é assim que devemos tratar os que sofrem com a depressão. Que Deus nos abençoe e nos dê estratégias para ajudar a quem precisa. E se você que está lendo sofre deste mal, procure ajuda médica, converse com um amigo de confiança e, acima de tudo, confie em Deus. Você não está sozinho(a) nessa!

 

 

 

Julio Celestino

16 de setembro de 2020

Vitória, Espírito Santo

Estender o Culto: Quando é apropriado?

 



Pela graça e misericórdia do Senhor Jesus Cristo, tive a chance de pregar sua palavra em diversas ocasiões. Alguns irmãos brincavam comigo, dizendo que eu demorava demais para terminar a oração, então nunca me pediam para orar antes das refeições.


Brincadeiras à parte, sempre tive a preocupação de cumprir o horário das reuniões eclesiásticas, pois a igreja congrega pessoas de diferentes profissões e afazeres. Por exemplo, um casal de feirantes que acorda às três da madrugada de domingo para preparar sua barraca de legumes na avenida central. Com muito zelo, passam o dia trabalhando sob o calor e correm para a igreja com seus filhos ao anoitecer. Ao lado do casal de feirantes, há um jovem solteiro que mora sozinho e trabalha em escala 12x36; ele foi o pregador escalado para a noite. Ao lado do jovem pregador, há uma mãe solteira que, após um dia de trabalho, deixou seus filhos com um parente, prometendo voltar para buscá-los em duas horas, pois precisava buscar uma bênção na casa do Pai. Para surpresa de todos, na hora da Palavra, o jovem pregador descansado decidiu seguir o exemplo de Esdras e Paulo naquela noite. Explico:


Um dia, um escriba chamado Esdras leu os cinco primeiros livros da Bíblia em praça pública desde o amanhecer até meio-dia (Ne 8.3). Dias depois, ele participou de um culto que teve seis horas de leitura da Palavra seguidas de seis horas de adoração, totalizando doze horas de culto (Ne 9.3)!


Outro dia, o apóstolo Paulo pregou tanto que um jovem sentado na janela cochilou, caiu e morreu (era meia-noite). Graças a Deus, a história não teve um final triste, pois o Espírito Santo ressuscitou o jovem pela fé de Paulo. Após o ocorrido, Paulo continuou pregando até o amanhecer (At 20.7-11).


Diante dos exemplos de Esdras e Paulo, posso dizer que é válido estender um culto por tempo indeterminado? Creio que este comportamento não deve se tornar um costume por quatro motivos:


  1. No tempo de Esdras e Paulo, ou começaram o culto com um horário determinado para terminar, ou não prometeram hora alguma. Certamente, os irmãos presentes sabiam de antemão se o culto tinha hora marcada para acabar.

  2. Quando falamos de Esdras (458 a.C.) e Paulo (10 d.C.), estamos falando de cenários com mais de dois mil anos. A organização das reuniões e as ocupações das pessoas eram completamente diferentes das de hoje. Um trabalhador assalariado com pais doentes em casa e filhos pequenos não poderia participar de cultos de doze horas como o de Esdras, nem ouvir uma pregação que começou num dia e terminou no outro, como a de Paulo.

  3. Quando estabelecemos um horário para o culto, isto se torna um compromisso com os membros e visitantes. Se convidarmos parentes e amigos para um culto que deveria terminar às 21:30, mas se estende até a meia-noite, não estamos cumprindo nossa palavra e violamos o princípio da ordem (1Co 14.40).

  4. Por uma questão de empatia pelo próximo. Às vezes, sou um jovem solteiro que acorda ao meio-dia no domingo, mas meu irmão é um feirante que acorda de madrugada para trabalhar. Ninguém tem a mesma vida que eu, e não sei quais são as tarefas e dificuldades dos meus ouvintes no culto. Praticar empatia pode ser uma forma de amar o próximo (Mt 22.39).


Resumindo, há algum problema em cultos sem hora para acabar? Nenhum! Desde que os convidados saibam que naquela igreja é assim que acontece. Caso contrário, acredito que devemos cumprir o princípio da ordem (1Co 14.40).



Julio Carlos Santos Celestino

16 de setembro de 2020

Vitória, Espírito Santo

Eu, A Raiz Exposta do Pecado - Steve Gallagher

 


    No livro A Raiz Exposta do Pecado, Steve Gallagher se aprofunda no tema intrínseco do ser humano, e talvez, o principal dos pecados: o ego. No livro Amantes de si mesmos, Dave Hunt declara acertadamente que a ideia moderna de que devemos “nos amar mais” não é amparada pela bíblia. Na verdade, não há nenhum mandamento bíblico dizendo que devemos nos amar. O mandamento bíblico basilar sobre o amor está situado no evangelho segundo Mateus 22.37-39 que diz: “(...) Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Após uma atenciosa leitura da palavra de Deus, constatamos que não há mandamento para se amar, isso se dá pelo fato de que o ser humano naturalmente se ama. Até mesmo aqueles que intentaram contra a própria vida se amam, pois, a frustração de não ter a vida que gostariam os fazem desistir de viver.

 
    Partindo deste pressuposto, o livro de Gallagher é dividido em três sessões: 1) O grande reino do Eu; 2) Os tipos de orgulho e 3) O reino da humildade. O objetivo da obra é expor o pecado que está enraizado na natureza de todo filho de Adão; pecado este que começou no céu com o querubim ungido e se propaga na terra como uma pandemia destruidora: o orgulho. De acordo com Steve Gallagher quase tudo em nossa cultura agrada ao ego ou o incita: entretenimento, propaganda, mídia, meio acadêmico, negócios e a vida em casa. Nestes tempos, tudo tem como foco a imagem e as realizações pessoais. Isso, por sua vez, gera uma pressão esmagadora para superarmos o nosso próximo - sendo mais inteligente, mais forte, mais capaz, mais atraente e mais rico. Em um ambiente que exalta e glorifica os feitos, a força e a beleza, as crianças aprendem rapidamente o quanto é bom ser enaltecido, assim como machuca ser criticado ou não notado. Elas são ensinadas a serem orgulhosas de si mesmas e de suas habilidades. Essa mentalidade é reforçada a cada estágio do desenvolvimento até a vida adulta.
 
“Quando uma pessoa se rende a determinado hábito pecaminoso, uma contaminação espiritual trabalha em sua constituição” - Gallagher
 
    Portanto, na sessão do grande reino do Eu, Gallagher expõe biblicamente como o mundo é dominado pelo orgulho excessivo e como isso tem destruído anjos, pessoas, ministérios e famílias inteiras. Na segunda sessão é mostrado vários tipos de orgulho que provavelmente, durante a leitura, nos identificamos com alguns deles. Eu, por exemplo, me identifiquei numa área defeituosa que nunca havia percebido antes, no momento que Gallagher fala sobre o orgulho inacessível, ou seja, pessoas que tem o coração inacessível: “não se trata de temperamento, mas, sim, do estado do coração. Em suma, esse indivíduo odeia ser corrigido de qualquer modo. Ele fica notavelmente tenso quando é alertado sobre áreas de sua vida que precisam de mudança. Esse indivíduo se isola tanto de relacionamentos quanto de situações em que possa receber críticas ou aconselhamentos. Ele geralmente o faz com sutileza, muitas vezes por meio de atitudes desagradáveis, voltadas para afastar os outros em primeiro lugar. Ele controla rigidamente o quanto outros podem se aproximar dele, bem como os assuntos da conversa”. Já na terceira sessão, Gallagher nos apresenta o reino da humildade, atributo gracioso que agrada a Deus. Com conselhos e dicas práticas, o livro nos ensina como vencer o pecado do orgulho que existe em nosso coração e buscar a excelência através da humildade de espírito e dependência total de Deus. Algo que muito tocou meu coração foi no tópico “servindo a si” quando ele conta a história de um homem que entrou no Pure Life Ministries (Ministérios Vida Pura) para o tratamento de seu pecado sexual, porém, mesmo depois de algum tempo e já ministrando a palavra de Deus, ele não conseguia abandonar o pecado sexual. Após uma conversa pessoal com Gallagher, o rapaz decidiu sair do Ministérios Vida Pura para “crescer sozinho” e alimentar seu ego; sem sucesso, infelizmente (ou felizmente). Então, citando Whatman Nee, Gallagher tocou meu coração ao reproduzir que ninguém está apto para trabalhar apenas porque aprendeu alguns ensinamentos. A questão básica permanece: que tipo de pessoa é esse homem? Pode aquele cujos mecanismos internos são errados, mas cujo ensinamento é correto, atender à demanda da igreja? A lição básica que devemos aprender é ser transformado em um vaso perfeito para o uso do Mestre. Isso só pode ser feito por meio do quebrantamento. Ler esse trecho do livro, além de me advertir profundamente, lembrei-me do que escreveu A. -D. Sertillanges em seu livro “A Vida Intelectual”, ao advertir o leitor sobre a necessidade de ser uma pessoa com moral trabalhada em virtudes, ou, no popular: viver o que se prega. De acordo com ele, não haveria coisa mais chocante em ver uma descoberta feita por um canalha? A candura de um homem simples ficaria ofendida com isso. Escandalizamo-nos com uma dissociação que ofende a harmonia humana. Não acreditamos nesses joalheiros que vendem pérolas e não as usam. Viver junto da fonte sublime sem participar de sua natureza moral soa como um paradoxo. Isso é uma clara demonstração de ortodoxia e ortopraxia, ou seja, doutrina e prática devem andar juntas.
 
    Eu, como consumidor dos livros do pastor Steve, posso afirmar que o livro é uma ótima ferramenta auxiliar na luta contra o pecado do orgulho e do egoísmo. Em alguns momentos pode ser cansativo ler quase trezentas páginas tratando do mesmo assunto, porém, creio ser necessário conhecer aquilo que combatemos. Eu recomendo com entusiasmo o livro: Eu; A Raiz Exposta do Pecado de Steve Gallagher.

 

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